A escolha por uma experiência dessa magnitude é uma aposta no futuro, na coletividade, na colaboração, na criatividade e no enfrentamento das angústias de nosso tempo
O trabalho com educação desperta inquietações, frustrações, conquistas e desafios para a difícil arte de viver e conviver em sociedade.
Em um contexto caracterizado por grandes transformações nos modos de socialização e de subjetivação em um mundo cada vez mais impessoal e individualista, torna-se premente a defesa político-pedagógica de uma educação que priorize as experiências longas e coletivas, em detrimento da fluidez e artificialidade típicas das relações da sociedade consumista de nosso tempo.
Os adolescentes, bombardeados cotidianamente por modelos e perspectivas de futuro organizadas de forma padronizada e tecnicista, são os mesmos que carregam perguntas, inseguranças, medos e sonhos que não cabem em uma apostila.
Os temas e assuntos aprendidos e compartilhados em nove dias, em uma região quase ignorada por tantos brasileiros, vão na direção e ainda além de conteúdos curriculares, como a biodiversidade, as identidades, a soberania nacional, a geopolítica, os conflitos socioambientais, as questões energéticas, entre tantos outros temas que também servirão para o futuro almejado.
A oportunidade dos estudantes da terceira série do Ensino Médio é a de vivenciar sensações, experimentar a alteridade numa convivência intensa, trombar com o desconhecido, deslocar-se de seu cotidiano, relativizar suas crenças e valores, deparar-se com suas inseguranças e afetos, dúvidas e alegrias. E isso, a nosso ver, é a essência de um estudo de meio inédito, marcante e significativo, que finaliza essa importante etapa da vida escolar.
A escolha por uma experiência dessa magnitude é uma aposta no futuro, na coletividade, na colaboração, na criatividade e no enfrentamento das angústias de nosso tempo. Esse compromisso sinaliza que o Gracinha é uma escola que segue pulsando, mesmo num corpo social que emite atualmente sinais de enfermidades, demandando, portanto, práticas novas, dotadas de potência criativa e sentido.
André Fávero (prof. de Filosofia) e Paulo Crispim (prof. de Sociologia)