Quando o tema é a educação de crianças e adolescentes, precisamos estabelecer limites, educá-los para a tolerância e o respeito, ensiná-los a cuidar de si e do outro, a refletir, questionar, valorizar o conhecimento, fazer escolhas responsáveis, etc.
Formar esses sujeitos é um trabalho compartilhado, realizado idealmente em parceria pela escola, família e outras instituições. No processo, vemos aflorar neles o que cultivamos, mas também desejos com os quais nem sempre concordamos, e que levam a escolhas que exigem nossa atuação. Ao crescerem, ganham autonomia e cada vez menos conseguimos intervir em sua vida.
Em geral, mas especialmente no que diz respeito ao consumo de drogas pelos adolescentes, sabemos que proibir não garante o respeito à nossa posição. É preciso convidar à reflexão e à busca por caminhos. Foi com essa preocupação que, no primeiro semestre deste ano, em parceria com a Organização de Pais do Gracinha (OPG) e com o Grêmio Estudantil, realizamos uma roda de conversa sobre o tema, envolvendo alunos, pais e orientação. No encontro, criou-se um ambiente em que todos puderam falar francamente, num esforço de romper barreiras que dificultam o diálogo. Foi um começo de conversa em que pudemos falar do desconforto gerado pelo tema das drogas e das dificuldades em debatê-lo.
Quando pensamos no uso de drogas pelos adolescentes, o que nos preocupa? Seria o uso do álcool, do cigarro ou da maconha? A experimentação? O abuso e a adição? A associação entre uso de droga e criminalidade? Quais são os nossos medos e inseguranças? As nossas crenças e valores? As nossas contradições? As nossas dúvidas?
As drogas estão aí e não deixarão de existir, por isso é preciso ajudar os adolescentes a lidar com o mundo que os cerca de forma crítica e responsável, fortalecê-los oferecendo atividades que tragam prazer para suas rotinas e suporte nos momentos de angústia, tristeza, raiva, enfim, nos encontros e desencontros inerentes à vida e exacerbados na adolescência, fase de experimentação, transgressão, de testar valores e limites. Fortalecê-los nessa fase da vida é a maneira que temos de acompanhá-los nos momentos em que não estamos presentes e também em sua vida adulta, quando não poderemos mais intervir.
Vivemos numa sociedade hedonista que nos bombardeia com a ideia de que é necessário ter prazer sempre e a qualquer custo, a ser o melhor em tudo, o mais popular, o mais querido, o mais simpático, o mais alegre, o mais bem-sucedido, e se isso não acontece, o rótulo é de fracasso.
Todos nós desejamos e carecemos de momentos de prazer, mas também necessitamos conseguir lidar com frustrações. É preciso preparar os jovens para ter coragem de enfrentar os desafios que a vida impõe. O desafio possível para eles é encontrar caminhos saudáveis para lidar com os seus conflitos, ainda mais quando os momentos prazerosos são escassos. Esportes, dança, música, artes, coletivos e envolvimento em ações na cidade e em suas comunidades são caminhos possíveis, junto à garantia de espaço para o diálogo e o acolhimento.
Quando se trata de drogas e adolescentes, não existem respostas definitivas ou garantia do que é melhor para cada um, no entanto, já sabemos que a parceria entre os jovens, a família e a escola é fundamental.
Escola Gracinha